Terra em Transe
Se era pra matar,
Por que deram os nomes aos bichos?
Se era pra cortar,
Por que tanto estudaram as plantas?
Se era pra revirar a terra
E cimentar o campo
Empacotar o vento
Plastificar o encanto
Se era pra morrer
De cansaço na beira do asfalto,
Se era pra esquecer
A beleza da água no salto,
Se era pra derramar o vinho
E semear o pranto
Emudecer o pinho
E sufocar o canto
Se era pra perder
Por que foram buscar a esperança?
Se era pra correr
Por que foi que chamaram pra dança?
Se era pra desejar o muito
E usufruir o pouco,
Acalentar o intento
E acabar tão inerte e louco
Se era pra não ser
E evitar a questão do poeta
Se era só pra ter
E virar um produto em oferta
Se era pra ver a Terra em transe
A calçada cobrindo o mangue
A mata vazando sangue
E a cobiça fazendo a festa
Não é para responder
É apenas para se repensar
E quem sabe recomeçar
Replantar / Refazer
(“Minha voz é apenas uma pequenina e desconcertada interferência neste grande debate sobre a realidade e a vida”. Esta fala, do professor, poeta e músico Gladir Cabral, inspira a poesia correndo em suas veias. Tendo a docência como ofício – já que Gladir é professor universitário na área de Literatura, o poeta-músico diz que tem a fé como seu “norte”, sua fonte de “inspiração” - pastor da IP de Criciuma-SC - http://www.gladircabral.com.br/)
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