quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

OBESIDADE MENTAL

         
         Faz pouco tempo que a humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física, por uma alimentação desregrada. Está na hora de observar que nossos abusos, no campo da informação e do conhecimento, estão criando problemas tão ou mais sérios que esses.
          A nossa sociedade está mais entupida de preconceitos que proteínas, mais intoxicada de lugares comuns que de hidrato de carbono. As pessoas viciaram-se em esteriótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
         Todos tem opiniões sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desse "fast food" intelectual são os jornalistas, comentaristas, editores de informação, filósofos, romancistas e diretores de cinema. Os telejornais e as telenovelas são os "amburgeres" do espírito; já as revistas e as novelas são os "donuts" da imaginação.
          Qualquer pai, responsável, sabe que seus filhos irão adoecer, se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças hoje seja composta por desenhos animados, videogames e telenovelas. Com uma "alimentação intelectual" dessa, tão carregada de adrenalina (sexo, violência e fortes emoções), é normal que esses jovens nunca consigam alcançar uma vida saudável e equilibrada.
          O jornalismo alimenta-se hoje, quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. Há muito tempo a imprensa deixou de imformar, para apenas seduzir, agredir e manipular. Somente a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.
          Com isso, o conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem: a Capela Sistina tem um teto famoso, mas poucos sabem porquê. Todos sabem que Saddam Hussein era homem mau e que Nelson Mandela é bom, mas nem sabem exatamente porquê.
          Não admira que, no meio da prosperidade e da abundância, as realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, e a religião abandonada. A cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte tornou-se uma futilidade. Floresceu a pornografia, a sensualidade descompromissada, o sibaritismo, a imitação, o cabotinismo egoísta.
          Não se trata de um retorno à "Idade das Trevas" ou, o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. Portanto, o mundo precisa de reformas e verdadeiro desenvolvimento. Mas, para isso, precisamos sobretudo, antes de mais nada, de uma boa dieta mental.
          LIVRO: "Mental Obesity"
          AUTOR:  Andrew Oitke
          COMPILAÇÃO: Prof. Elias Moreira
       

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