quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

EDUCAÇÃO DE FILHOS


SABENDO USAR O TEMPO DE QUALIDADE
          Quanto mais intensamente for o "Tempo de Qualidade", dos pais com os filhos, melhor será para a educação e formação deles. Os filhos pequenos aprendem mais por intuição do que pela instrução verbal administrada pelos pais. Assimilam mais pela convivência, simbioticamente, ou seja, pelos exemplos concretos dados pelos pais, do que quando estes procuram repassar conceitos teoréticos, não materializados. O ideal é que ambas as coisas caminhem juntas, uma completando a contribuição da outra.
          Chamamos de "Tempo de Qualidade" o espaço de tempo em que os pais se dedicam, com exclusividade, ao convívio qualitativo a favor dos filhos. O grande problema nosso, hoje, é que damos tudo (coisas) aos filhos, mas não NOS DAMOS a eles. Dar-se à criança é entrar no mundo dela, com amor direcionado, exclusivamente com o propósito de satisfazer as suas necessidades emocionais, mantendo, com isso, o vínculo de intimidade com ela.
          O ideal seria que não houvesse separação entre atividade infantil (o que chamamos de brinquedo) e o trabalho adulto. Que as crianças nos acompanhacem no trabalho e nós, os adultos, nos mesclássemos com elas em seus "brinquedos" e lazer. Isso equivaleria a manter aberto com a criança o nosso meio mais eficiente de comunicação com ela -  o relacionamento. Todavia, dadas as estruturas sociais que foram sendo criadas, isso tornou-se quase impraticável.
          Uma demonstração disso que estamos dizendo, dava-se entre os índios do Xingu, quando há 40 ou 50 anos atrás, fora feita uma reportagem com esses nativos. Naquelas tribos, os "curumins" (crianças indígenas) acompanhavam seus pais o tempo todo: no plantio, na colheita, no fabrico de artefatos a serem utilizados, no preparo do alimento, nas pescarias, nas caçadas e na manutenção da vida na aldeia. Com isso, os deveres não eram compulsionados, criando o estado de desafinidade entre pais e filhos. Não havia, praticamente, separação entre atividade infantil e adulta. As crianças indígenas não eram compelidas a fazer qualquer coisa e, também, não havia entre elas sentimentos de rebelião. Consequentemente, deixava de existir, entre eles, os conflitos inconvenientes da adolescência.
          Os problemas que enfrentamos é que, na chamada "Civilização Moderna", o mundo é dos adultos, com raríssimas exceções e o homem vale pelo tanto que produz. Nessa anticosmovisão, a criança é vista como uma inconveniência (basta considerarmos o número astronômico de abortos) e os velhos como alguém que já foi... mas, agora, é contraproducente, só dá trabalho e despesa.
          Nessa deontologia bolchevista, nem mesmo as igrejas escapam dessa mentalidade doentia. Também nas comunidades que se dizem evangélicas os idosos são menosprezados e as crianças são lideradas por pessoas, quase sempre, despreparadas. Os cultos são, de maneira geral, feitos para os adultos, com o mínimo de participação dos filhos pequenos, sem a preocupação de repassar-lhes o privilégio da comunhão com Deus e os irmãos. Mesmo sabendo que é dos lábios dos pequeninos que brotam os verdadeiros louvores - Sl.8.2.
          Temos combatido veementemente o procedimento de muitas igrejas que, na hora do culto, separam as crianças, levando-as para o chamado "culto infantil". Como se os pequeninos não soubessem adorar como convém (Sl.22.9-10, Lc.18.15-17), ainda que o ensino bíblico nos aponte o contrário. O argumento é que as crianças não entendem a palavra pregada aos adultos e o "cultinho" é feito em linguagem própria para o entendimento delas. Essa é a nossa mensagem topical; todavia, a mensagem relacional que transmitimos a essas crianças é outra. Na verdade, a criança é muito "esperta" para sentir que, com isso, estamos pretendendo ficar livres delas, para não termos o compromisso de estarmos atentos aos cuidados que devemos despensar à elas.
          Ora, a criança vê os preparativos para o culto dos adultos, o rigor no preparo das músicas, o trabalho dos diáconos, os vasos e flores enfeitando o templo, os músicos se posicionando, o ambiente amplo iluminado, as pessoas chegando, os convidados, o corre-corre, os cochichos e combinados, a mesa da comunhão arrumada com esmero, tudo isso vai criando uma grande expectativa no caraçãozinho da criança.
E, dali a pouco, a criança é "sequestrada" desse ambiente vislumbrante, com todos esses aparatos mencionados, e é levada a um cômodo qualquer dos fundos, onde nem a iluminação é suficiente. Não é de admirar se essa criança vier a ter comportamento inadequado, quando estiver com os adultos nos cultos, não sabendo como interagir com eles. Como não são valorizadas, não aprendem valorizar aqueles que assim as tratam.
          Estar com os adultos no momento de culto, não é tanto para que a criança entenda o que está sendo pregado, mas para ser induzida às nossas atitudes de adoração, uma vez que aprendem por imitação e a fé salvadora não é fruto da racionalidade humana. Deus não dispensa, mas não depende da racionalidade humana para agir. Muitas vezes, a razão humana se torna empecilho para o agir de Deus, particularmente, quando a consciência se torna endurecida - Mt.6.23B.
          Precisamos aprender a valorizar os pequeninos com Jesus (Mt.18.1-6), tirando do nosso meio as atitudes semelhantes as dos apóstolos (Mt.19.13-14), repreendidos pelo Mestre. Jesus colocou uma criança no meio dos seus discípulos e disse: "Aquele que não se tornar como esta criança, de maneira alguma estará no Reino de Deus". A criança traz consigo as melhores condições íntimas para abrigar, no coração, o Reino dos Céus. O que ocorre é que esses coraçõezinhos (que poderão facilmente ser permeados pelo Reino celestial) tornam-se endurecidos com a nossa incredulidade. Foi por essa razão que o Senhor asseverou: "Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos, que crê em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho ao pescoço e se lançar às profundezas do mar". O momento de adoração, na casa do Senhor, é "Tempo de Qualidade" para os nossos filhos!

     

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