segunda-feira, 27 de junho de 2011

POSICIONAMENTO ANTIFREUDIANO:

          Se a idéia de Freud fosse correta, a saber, a idéia de que problemas surgem sempre que o Id (sexo e agressão) tenha sido reprimido por uma consciência ou super-ego demasiado existente, então nossa época deveria ser caracterizada por boa saúde mental, amplamente difundida, ao invés de ser o que é, uma época de problemas pessoais em número sem paralelo. Deveria ser, porque os nossos dias são permissivos, e não repressivos. Se já houve algum tempo em que a tampa da pressão foi retirada, em que se desenvolveu ampla e franca rebelião contra a autoridade e a responsabilidade, esse tempo é o nosso. Contudo, muitidões sem precedentes estão aproblemadas. Se o freudismo estivesse certo, o povo mais imoral, ou no melhor dos casos, o mais amoral deveria ser o mais sadio. Mas os fatos mostram que o oposto é o que sucede. As pessoas não estão nos sanatórios psiquiátricos e as que buscam aconselhamento, invariavelmente estão metidas em grandes dificuldades relacionadas à moral. "Dificuldades morais" nem sempre têm a ver com violações sexuais; estas são apenas um aspecto. Imoralidade de toda espécie, irresponsabilidade para com Deus e os homens (isto é, a quebra dos mandamentos de Deus), acham-se predominantemente entre as pessoas que têm problemas pessoais.
          Mas está fermentando uma revolução, mormente restrita ainda ao campo da psicologia. Há um número crescente de cidadãos jovens e vigorosos que começaram a pôr em dúvida as idéias tradicionais de Freud e Rogers. Dentre os nomes alinhados dentro desse movimento posso mencionar Steve Pratt, William Glasser, G.L.Harrington, William Mainord, Perry London e O.H.Mowrer. O último da lista é o chefe oficioso do movimento.
          A essência do ataque dirigido por esse movimento contra o sistema institucionalizado pode ser resumido em breves palavras: O novo movimento é antiteticamente oposto à formulação freudiana da irresponsabilidade. Com efeito, Mowrer indaga se podemos substituir o Modelo Médico por um Modelo Moral. Thomas Szasz, em seu livro, The Myth of Mental Illness (O Mito da Doença Mental) responde que sim. Na tradição de Harry Stack Sullivan, Szasz intitula sua psiquiatria de "teoria da conduta pessoal". Os advogados da revolução insistem neste ponto: Devemos continuar falando do Id reprimido? Replicam que não. Em lugar disso, declaram eles, é tempo de falar do super-ego (consciência) suprimido. Dizem mais: Havemos de procurar remover os sentimentos de culpa (isto é a falsa culpa)? Nunca; ao contrário, devemos reconhecer a culpa como algo real, e lidar diretamente com ela. A culpa psicológica é o medo de ser posto às claras. E o reconhecimento a que chega a pessoa de que violou os seus padrões. É o pesar de não ter agido como sabe que deveria agir. Além disso, eles insistem em que a ventilação dos sentimentos tem que ser substituida pela confissão do erro cometido. Não estarão falando mais de problemas emocionais, mas de problemas de conduta. Afirmam a expressão "doença mental" deve ser substituida por palavras que indiquem comportamento irresponsável. Gente antes vista como fugitiva da realidade agora é considerada como procurando evitar ser descoberta. Os revolucionários, naturalmente, recusam-se a por-se ao lado dos desejos, mas, antes, fazem todo empenho para colocar-se ao lado dos deveres.
          O novo movimento não pode ser posto de lado levianamente. A "terapia" (a palavra é incoerentemente mantida pela maioria deles) aplicada por aqueles que esposam a nova idéia tem alcançado dramático sucesso, em contraste com os fracassos freudianos.

(Transcrito do livro "Conselheiro Capaz" de 1970, escrito por Jay E. Adams, pgs. 31-32)

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