terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A CRIANÇA E A POSSIBILIDADE DA FÉ SALVADORA - Pv.22.6


O ser humano começa sua existência pela união dos gametas (duas semicélulas), masculino e feminino, formando o zigoto, a primeira célula do novo ser, num encontro de amor. A partir daí, esse novo ser ainda minúsculo, deverá ser agazalhado, afetuosamente, no ventre materno de 36 a 42 semanas, na continuação da mesma atmosfera de amor e carinho dos pais. Assim sendo, essa criança se desenvolverá sentindo sensações agradáveis, benfazejas, como que dando-lhe as boas-vindas no acolhimento do lar. A mulher, principalmente, quando se vê grávida, precisa passar a viver muito em função de seu filho, desde o primeiro momento de sua gestação. É como se essa criança já estivesse em seu colo. A saúde da mãe, seu equilíbrio psicológico, sua vida emocional e funcional, sua fé, tudo enfim será compartilhado com esse novo ser. O egoismo não pode ter lugar, principalmente, na vida de quem deseja ser mãe. O esposo, sempre por perto, vai tomando as providências necessárias e, com afagos e carícias à esposa, vai repondo as energias gastas por ela nesse período. Por esses gestos, é muito importante que o nenê sinta sua aproximação, o timbre de sua voz e as reações do corpo da mulher com as carícias do marido. Devemos observar o que nos ensina a natureza. Os cientistas já descobriram que, entre os passarinhos, dá-se o seguinte: enquanto a fêmea, no ninho, aquece com seu corpo e choca os ovinhos, o macho canta ao derredor nas árvores próximas, transmitindo aos filhotes, num aprendizado pré-natal, características do seu canto. O ser humano tem antenas muito mais sensíveis que os pássaros, é evidente. Assim é que, se uma criança, ainda no ventre, vier assimilar emoções que lhe transmitam rejeição, terá, posteriormente, dificuldade até para avaliar e reconhecer o amor de Deus. Este é transmitido à criança, pela instrumentalidade dos pais. Assim que a criança nasce, abre os olhos para o mundo, passa a ser acolhida no colo fofo e quentinho da mãe, amamentando-se, aconchegada ao coração de sua genitora. É um período de profunda interação entre a mãe e seu filho. Este, por vezes, interrompe as sugadas do seio e volta-se, demoradamente, a olhar para o rosto da mãe, aprendendo a ler nele os detalhes de suas expressões. Essas comunicações sem palavras constituem verdadeiros diálogos. Não se esqueça, mamãe, que a criança lê em você (por meio de suas expressões fisionômicas) sua alegria ou tristeza, sua paz ou inquietação, sua calma ou cólera, sua tranquilidade ou desespero, seu amor ou ódio; nos olhos, na face, nos acenos, nas mãos, nas expressões até mesmo as mais sutis! Nesse período a criança estará avaliando a maneira como está sendo recebida. Se lhe fornecemos amor, carinho, alegria, alimento, aconchego,  suprindo as suas necessidades básicas, ela estará predisposta a confiar e se sentir segura, nas pessoas que promovem seu bem-estar. O compartilhar de todas as coisas boas com o bebê propcia aos pais, também, a oportunidade de transmitir a confiança em Deus e, concomitantemente, a fé salvadora. Porque ninguém está melhor preparado para a bênção da redenção que uma criança - Sl. 8.2, Mt. 18.1-3, Lc. 18.17 (*). Tanto é verdade que Jesus deixa claro: "... se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus". Ele está dizendo que os adultos, os que já endureceram o coração na prática do pecado, se não se tornarem como crianças, humildes, despretenciosas, jamais terão condições de abrigar o reino, no qual não há lugar para o egocentrismo humano. Jesus Cristo está dizendo, também, que a criança tem toda condição para crer nele, desde que não seja escandalizada, pela incredulidade em torno de si. Como ainda não traz a dureza da prática do pecado em seu coração, entregar-se-á facilmente ao Salvador e será acolhida por ele - Mt. 19.13-14. Essa criança, logicamente, não tem recurso para verbalizar (falar,testemunhar) sua fé e, por essa razão, Lutero a chamou de "fé não reflexiva"; porém, essa é a fé salvadora, autêntica, inquestionável. É bom que entendamos: a fé salvadora (sola fides especialis) não é fruto da racionalidade humana, mas da ação do Espírito de Deus. Podemos dizer que, quando uma criança nasce, no seio de uma família cristã, onde de fato há temor de Deus nos corações, ela estará entre duas leis: a lei do pecado e da morte que vem de Adão, e a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus - Rm.8.1-2. Nesse ambiente, podemos dizer que o Espírito do Senhor paira (Gn.1.2) constantemente sobre esse lugar e, logicamente, a lei do Epírito da vida sobrepõe-se à lei do pecado e da morte.Leia ICo.7.14 e veja como isso funciona. Isso não quer dizer que será assim, funcionando automaticamente. O agir do Espírito passa pelo coração e inclui a vontade do homem, ainda que esta seja incipiente. Mas, se numa casa tem-se a preponderância do espiritual, da comunhão com Deus, logicamente essa criança irá confiar em seus pais e, de igual modo, no Deus dos seus pais. Assim aconteceu com Samuel que, desde pequenino, apenas desmamado (Sm.1.24 - 5 anos), era já capaz de ouvir Deus falando com ele - Sm.3.11. Jeremias, filho do sacerdote Hilquias, fora designado a ser profeta antes mesmo de ser formado no ventre materno - Jr.1.5. João Batista, filho do sacerdote Zacarias com Isabel, sua esposa, foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe - Lc.1.15. Timóteo, jovem extremamente comprometido com o reino de Deus, era fruto de um ambiente sadio na fé, pela instrumentalidade de sua vó Lóide e sua mãe Eunice - IITm.1.15. É exatamente isso que Deus quer, quando geramos nossos filhos; que a fé que professamos, em Cristo Jesus, seja repassada aos nossos filhos e aos filhos dos filhos, e toda a nossa posteridade - Dt. 6.1-7. Os filhos são a continuação da nossa vida e, dessa forma, entregamos a eles a bandeira do evangelho que está em nossas mãos e a vida que alimenta o nosso coração - ITm.5.8. Vejam o que Deus falou a respeito de Abraão: "... eu o escolhi para que ordene os seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo;..." Gn.18.19. E, ainda, o que nos diz pelo nosso texto básico: "Ensina a criança no caminho em que deve andar e, ainda quando for velho, não se desviará dele" - Pv.22.6; isto porque, a salvação de Deus é imperdível - Rm.8.31-39. Louvado seja para sempre o nosso Deus!
(*)" Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele".

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