sexta-feira, 29 de outubro de 2010

POEMA - TERRA EM TRANSE


Terra em Transe

Se era pra matar,
Por que deram os nomes aos bichos?
Se era pra cortar,
Por que tanto estudaram as plantas?
Se era pra revirar a terra
E cimentar o campo
Empacotar o vento
Plastificar o encanto
Se era pra morrer
De cansaço na beira do asfalto,
Se era pra esquecer
A beleza da água no salto,
Se era pra derramar o vinho
E semear o pranto
Emudecer o pinho
E sufocar o canto
Se era pra perder
Por que foram buscar a esperança?
Se era pra correr
Por que foi que chamaram pra dança?
Se era pra desejar o muito
E usufruir o pouco,
Acalentar o intento
E acabar tão inerte e louco
Se era pra não ser
E evitar a questão do poeta
Se era só pra ter
E virar um produto em oferta
Se era pra ver a Terra em transe
A calçada cobrindo o mangue
A mata vazando sangue
E a cobiça fazendo a festa
Não é para responder
É apenas para se repensar
E quem sabe recomeçar
Replantar / Refazer
(“Minha voz é apenas uma pequenina e desconcertada interferência neste grande debate sobre a realidade e a vida”. Esta fala, do professor, poeta e músico Gladir Cabral, inspira a poesia correndo em suas veias. Tendo a docência como ofício – já que Gladir é professor universitário na área de Literatura, o poeta-músico diz que tem a fé como seu “norte”, sua fonte de “inspiração” - pastor da IP de Criciuma-SC - http://www.gladircabral.com.br/)

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