sábado, 14 de novembro de 2009

JUCA DE OLIVEIRA


1. A base de sustentação de "Happy Hour" são as críticas ao governo Lula?
Não só ao governo Lula. Critico o que escapa ao comportamento ético, presente até nos mamíferos irracionais. Falo sobre a inversão de valores, o absurdo da sociedade contemporânea, a locura do trânsito, a educação dos filhos, o sexo, a bebida, o preconsceito contra a mulher, mas tudo com o bom humor. O objetivo é um papo muito bem humorado que nos leve tanto a desopilar o fígado, como a refletir sobre tudo que nos afeta hoje.
2. Você se considera um anti-lulista?
Não, não sou anti ninguém. Sou a favor da ética e da integridade dos costumes políticos. Na minha peça "A flor do meu bem querer", que foi um enorme sucesso no Teatro de Cultura Artística, eu elogiava o Lula chamava a atenção para a sua ação renovadora, sua ética, seu exemplo incorruptível, e tecia severa crítica ao Fernando Henrique. Quando surgiu o mensalão, o assalto às estatais, a corrupção desenfreada, passei a criticar, claro.
3. Qual sua opinião sobre estes quase sete anos do governo Lula?
O governo Lula foi a maior decepção política que jamais atingiu a sociedade brasileira. Todos nós tínhamos nele a esperança, o advento de uma nova era onde imperasse a justiça, a lei, a imparcialidade, a transparência, a consolidação da democracia ainda abalada pelos efeitos da ditadura militar. Foi uma total reversão da expectativa. A pretexto de que crescemos em alguns índices da economia, deu-se um "liberou geral"para a falcatrua, o roubo, o compadrismo, no sentido de viabilizar a eternização do PT no poder. Assistimos estupefatos à ação truculenta do Executivo, que atropela e ignora os outros poderes e interfere até na autonomia da empresa privada, como na tentativa de cooptar a Vale. Temos um legislativo dócil, subserviente, um judiciário que condena ou absolve obedecendo a conveniência do Executivo. Tudo se faz ou se deixa de fazer em função dos interesses eleitoreiros do presidente. Ou seja, não vivemos como pensávamos num sistema presidencialista, onde deve imperar a harmonia entre os poderes. Vivemos numa monarquia absolutista.
(Juca de Oliveira, apresentando em Maringá a peça "Happy Hour", em entrevista ao jornal "O Diário do Norte do Paraná)

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